Alheia

Cansada de pensar, me seduz a idéia de publicar mais uma música, um conto, um poema que, apesar de não ter sido elaborado por mim, reconheço-o no meu mundo. Essas coisas que lemos e gostaríamos de tê-las escrito ou que nos fazem pensar em o quanto sentimos coisas parecidas, nós e os outros. Faz um tempo que me rendo às palavras alheias e, quando as revejo, quase me convenço de que, na verdade, são minhas. Eu já as vivi suficientemente para me apropriar de sua autoria. De ver nelas, um pedaço da minha vida. E exibi-las aos outros dessa forma, como se assim o fossem. Ando escutando muito um álbum. Hoje, no caminho cansado do ônibus que devagar nos leva de volta as nossas vidas, pude escutá-lo inteiro. E nem me recordo de quem estava sentado ao meu lado, tamanha minha vontade de ser aquilo que eu ouvia. E tentava, como num filme, me imaginar na cena programada, no roteiro perfeito, na fala sem culpa, no beijo de perdão.