Teve um dia em que o meu mundo parou. Tudo o que eu tinha
até então com homens, tudo que para mim era fragmentado, isolado - um prazer em
si só - virou entendimento. Aquilo que eu sempre rechacei - nos
breves-possíveis-relacionamentos que tive - se tornou ridículo perto da
possibilidade que eu senti de ter algo genuíno. Isso foi conhecer você:
a maneira como você me
olhava e me entendia, sem que eu tivesse que ser nada além de mim mesma; o
gesto de você me proteger e de se comunicar comigo; a delícia de encontrá-lo
sorrindo e, finalmente, de compartilharmos vontades e preocupações muito
parecidas.
Eu sou de São Paulo. Eu sou da “cidade grande”. Claro que você me vê como alguém muito
ambientalizada nesse mundo. Mas é só porque você não faz parte dele.
Daí eu te achei. Daí a gente se achou. E, de repente, toda
minha expectativa - antes frustrada - do que era um homem para mim... se
concretizou! E, daí, você era casado...
Como um misto de alegria, prazer e desafio, eu quis. Eu
topei. E, de repente, você virou aquilo que eu sempre imaginei sobre o amor:
algo inevitável, algo surpreendente, algo digno. Sua maneira de me fazer feliz
me conquistou de um jeito indelével, que eu não consegui apagar... mesmo nas
situações mais complicadas.
E aí nos deparamos com a realidade... Com escolhas... sejam
elas passíveis de mudança ou não. Fiquei puta por achar que nosso amor não era
suficiente. E ele era. Daí descobri que existem outros tipos de amor: de pai, de mãe, de
vó. Esses amores que a gente só sabe “sendo”...
E eu não “sou”...
Então, me redimo das situações em que eu não
soube lidar com esses amores que por mim são desconhecidos. Mas não consigo me
furtar do meu amor de mulher por você... Eu sou mulher e eu te amo como mulher.
E, teve um dia , que ao ficar com você, o meu mundo parou.