sexta-feira, junho 01, 2012


Teve um dia em que o meu mundo parou. Tudo o que eu tinha até então com homens, tudo que para mim era fragmentado, isolado - um prazer em si só - virou entendimento. Aquilo que eu sempre rechacei - nos breves-possíveis-relacionamentos que tive - se tornou ridículo perto da possibilidade que eu senti de ter algo genuíno. Isso foi conhecer você:

a maneira como você me olhava e me entendia, sem que eu tivesse que ser nada além de mim mesma; o gesto de você me proteger e de se comunicar comigo; a delícia de encontrá-lo sorrindo e, finalmente, de compartilharmos vontades e preocupações muito parecidas.

Eu sou de São Paulo. Eu sou da “cidade grande”.  Claro que você me vê como alguém muito ambientalizada nesse mundo. Mas é só porque você não faz parte dele.

Daí eu te achei. Daí a gente se achou. E, de repente, toda minha expectativa - antes frustrada - do que era um homem para mim... se concretizou! E, daí, você era casado...

Como um misto de alegria, prazer e desafio, eu quis. Eu topei. E, de repente, você virou aquilo que eu sempre imaginei sobre o amor: algo inevitável, algo surpreendente, algo digno. Sua maneira de me fazer feliz me conquistou de um jeito indelével, que eu não consegui apagar... mesmo nas situações mais complicadas.

E aí nos deparamos com a realidade... Com escolhas... sejam elas passíveis de mudança ou não. Fiquei puta por achar que nosso amor não era suficiente. E ele era. Daí descobri que existem outros tipos de amor: de pai, de mãe, de vó. Esses amores que a gente só sabe “sendo”...

E eu não “sou”...

Então, me redimo das situações em que eu não soube lidar com esses amores que por mim são desconhecidos. Mas não consigo me furtar do meu amor de mulher por você... Eu sou mulher e eu te amo como mulher.

E, teve um dia , que ao ficar com você, o meu mundo parou.

sexta-feira, abril 08, 2011

TEMA DE REDAÇÃO PARA UNICAMP

A proposta era: combater os argumentos da Philip Morris (que era o quanto o estado economizava com o setor saúde pelas pessoas fumantes morrerem cedo). Aí vai (eu curti... hehehh):
A criação do liberalismo econômico favoreceu algumas escolhas individuais, na medida em que se tirou da competência da “coisa pública”, muitas decisões que se passou a acreditar ser de cunho privado, ou seja, a regulação da vida social, coletiva, dependeria de escolhas individuais. Porém, isso é verdade até certo ponto, pois a mídia e a cultura hegemônica fazem com que se subjetive um tanto de coisas que parecem originalmente individuais, mas elas são efeito de uma verdade considerável do ponto de vista coletivo. De acordo com o liberalismo, resolveu-se tratá-las como sendo “vontades” do mercado. Portanto, hábitos nociveis à saúde, como o tabagismo (eu fumoooo!!!), que são tratados como escolhas dos indivíduos, tiveram, como em qualquer objeto do liberalismo, as sanções das leis de mercado. Tudo é mercado. Tudo é regulado em função de uma expressão simples entre demanda e oferta, custo e gasto. A saúde não escapou disso. Portanto, estatisticamente, não importa a qualidade de vida de um indivíduo e, sim, o quanto ela vale para o estado, Quando se afirma que a mortalidade de pessoas é um bônus para o estado, em função do seu menor gasto previdenciário, nesse sentido, está se valorizando a noção mercadológica da vida. Se por um lado, reconhecemos que o estado não tem que regular a vida privada e, portanto, acreditamos que ele representa seus cidadãos, enquanto pessoas que são públicas, as demandas são muitas e a arrecadação não pode ser o objetivo maior da atuação do estado, pois ele tem que servir aos seus cidadãos. Dessa maneira, o estado não pode deixar que, simplesmente, se equalize o gasto do setor de saúde em função de uma empresa privada, como a Philip Morris, pois a cultura do tabagismo tem que ser tratada como cultura e não como uma simples equação entre fornecedor e consumidor. É, sim, uma questão de saúde.

quarta-feira, fevereiro 23, 2011

rádio ninho

Mudar de casa é sempre uma experiência e tanto. Gosto da sensação de termos que criar novos vínculos com a cidade, da mesma maneira que sinto falta do cotidiano anterior, onde tudo estava mais ou menos resolvido entre o Dia, a depilação da Val, o sacolão e aquelas dezenas de pessoas acostumadas a nos ver transitando e a falar “bom dia”, sem termos necessariamente batido uma prosa em algum dia.
Aqui na casa nova estou no burburinho da Rua da Consolação. O apartamento dá para os fundos, o que faz essa grande avenida desaparecer quando estamos nele. O que surge na janela é uma vista incrível do Cemitério da Consolação, um oásis no meio de tantos prédios, motos, ônibus e pessoas.
Ontem, enquanto tomava uma gelada na padaria, conheci o chaveiro local. Ele me deu algumas dicas sobre a região: preços, botecos onde se pode fumar, etc e ficou falando sobre o quanto não se faz mais doce de padaria como antigamente. Amanhã, vou até lá fazer a cópia da chave tetra. O zelador aqui também é gente fina, santista... Ele já nos emprestou a furadeira para pregarmos as prateleiras e a cortina, outro que gosta de tomar uma na padoca (ainda encontro ele de jeito).
Tenho dado algumas voltas para reconhecimento. Realmente, tem poucos estabelecimentos para resolver os problemas cotidianos. Loja de lustre é o que não falta... E o “mercado” do bairro faz o Pão de Açúcar ser a melhor opção: pensem!
Por outro lado, estou a um ônibus de quase qualquer lugar. A um passo do metrô. E posso saracotiar no centro ‘by footh’ à vontade. O banco é na esquina e a Av. Paulista, a duas quadras.
Trouxe minha pequena porção de pertences para juntar às do Tim Lo, amigo de longa data, com quem já dei muita risada nessa vida. Ainda estamos no comecinho dessa nova fase, eu e o Predador. Já juntamos nossos discos e livros, apresentamos nossas plantinhas umas para as outras e relembramos de fatos ‘político-entorpecedores’ memoráveis, incluindo participação da PF de Buenos Aires. O Tim tem uma coleção de quadrinhos incríveis e foi quem me apresentou o Milo Manara.
O prédio é daqueles antigos, em que o armário do banheiro é dentro da parede e alguns temem o elevador. Espero ainda que o guarda-roupas caiba nele e, assim, terminarei a bagunça do começo de uma nova vida.
Bom, essas são as notícias da “rádio ninho”. Espero visitinhas no novo endereço!

quinta-feira, janeiro 27, 2011

Fruto dourado

As plantas têm História. Eu já estou muitíssimo convencida disso, mas essa é para acalentar nossos espíritos e coraçõezinhos. Outro dia, ouvi a seguinte constatação de um mateiro, que entende da vida delas:
“O pequi é muito difícil de nascer... Mas eu percebi certa coisa: um dia eu vi o besouro rola-bosta envolver uma sementinha do pequi em sua bola de bosta e pensei: ‘O que fará esse ser?’ De repente, chegou a besoura... rolando sua própria semente. Eles se encontraram e juntaram seus montinhos, em uma dança muito engraçada! E dali a poucos dias, as sementes brotaram. Percebi, então, que para as sementes do pequi brotarem, elas têm que se beijar...”
É isso...
Saudades de muita gente...

terça-feira, setembro 07, 2010

Dona Flor

O que será que me dá
Que me bole por dentro, será que me dá
Que brota à flor da pele, será que me dá
E que me sobe às faces e me faz corar
E que me salta aos olhos a me atraiçoar
E que me aperta o peito e me faz confessar
O que não tem mais jeito de dissimular
E que nem é direito ninguém recusar
E que me faz mendigo, me faz suplicar
O que não tem medida, nem nunca terá
O que não tem remédio, nem nunca terá
O que não tem receita

O que será que será
Que dá dentro da gente e que não devia
Que desacata a gente, que é revelia
Que é feito uma aguardente que não sacia
Que é feito estar doente de uma folia
Que nem dez mandamentos vão conciliar
Nem todos os unguentos vão aliviar
Nem todos os quebrantos, toda alquimia
Que nem todos os santos, será que será
O que não tem descanso, nem nunca terá
O que não tem cansaço, nem nunca terá
O que não tem limite

O que será que me dá
Que me queima por dentro, será que me dá
Que me perturba o sono, será que me dá
Que todos os tremores que vêm agitar
Que todos os ardores me vêm atiçar
Que todos os suores me vêm encharcar
Que todos os meus órgãos estão a clamar
E uma aflição medonha me faz implorar
O que não tem vergonha, nem nunca terá
O que não tem governo, nem nunca terá
O que não tem juízo...

O QUE SERÁ (À FLOR DA PELE)Chico Buarque - 1976

segunda-feira, maio 03, 2010

Silêncio de depois

"(...)

Se você quer ser minha namorada
Ai que linda namorada
Você poderia ser
Se quiser ser somente minha
Exatamente essa coisinha
Essa coisa toda minha
Que ninguém mais pode ser
Você tem que me fazer
Um juramento
De só ter um pensamento
Ser só minha até morrer
E também de não perder esse jeitinho
De falar devagarinho
Essas histórias de você
E de repente me fazer muito carinho
E chorar bem de mansinho
Sem ninguém saber porque



Mas se mais do que minha namorada
Você quer ser minha amada
Minha amada, mas amada pra valer
Aquela amada pelo amor predestinada
Sem a qual a vida ‚ nada
Sem a qual se quer morrer
Você tem que vir comigo
Em meu caminho
E talvez o meu caminho
Seja triste pra você
Os seus olhos tem que ser só dos meus olhos
E os seus braços o meu ninho
No silêncio de depois
E você tem que ser a estrela derradeira
Minha amiga e companheira
No infinito de nós dois"

(Minha namorada - Vinicius de Moraes) - para baixar ou ouvir

domingo, abril 25, 2010

Reconstruction


"Se eu sou seu sonho, você é o meu"