terça-feira, dezembro 19, 2006

sentimento racional x razão sentimental

A gente passa boa parte da vida tentando ajustar nossos sentimentos com aquilo que acreditamos acreditar. É sofrido. Muitas vezes esse sofrimento vem mais do desajuste do que do sentimento em si. Mas continuamos, continuamos nos amargurando quando percebemos que estamos sendo egoístas, injustos, ciumentos e mesmo sabendo que nas próximas eles voltarão, continuamos.
Lembro-me da generosidade do meu pai e do seu autoritarismo, vejo o excesso de proteção em minha mãe e sua independência no mundo. Não há coerência em ser. Há circunstâncias. Vivemos tentando amenizar as contradições que surgem na raiva, no ódio, na indignação, mas nem sempre a racionalidade que ativamos é suficiente pra impedir um murro na boca. E muitas vezes não deveria mesmo ser. Sem impulso não haveria a facada nas costas do ACM neto, sem impulso não haveria o Movimento Pula Catraca, sem impulso talvez não houvesse revolução. E sem impulso, eu não viveria aqui na edícula de casa, coisa que eu adoro.
Lembro-me também de quando decidi vir viver aqui do lado de fora. Um horror! Todos que nunca tinham falado direito comigo, se aproximavam para tentar me convencer de que o incômodo que eu causava aos outros não valia essa pequena diferença que sei-lá-porque tanto eu queria. E sei-lá-porque eu tanto queria. Acho que no fim só pra inverter um pouco a lógica, só pra mostrar que as coisas podem mudar mesmo depois de vinte anos iguais. Fui egoísta, fui injusta.
Tudo isso pra dizer que:
eu não sou coerente!
E também não acredito no puritanismo passivo-pacífico!
Sinto cólera. E quando isso acontece sou capaz de injustiças, especialmente verbais, inimagináveis.

Agora, quase perder prova só pra ir de carro, brigar com a mãe porque ela foi trabalhar com o dirigível, coisa que ela só faz há trinta e cinco anos, inclusive para ter o tal do carro! E ainda achar que tá tudo certo?!! Aí, minha amiga, merece tapa-de-costa-de-mão.