segunda-feira, outubro 26, 2009

Chuva


Estou com frio. Passo minhas mãos no braço e sinto minha pele cheia de carocinhos do pêlo arrepiado. Ouço a chuva lá fora e percebo que no meu trajeto molhado para casa não fui capaz de olhar para o mundo. O guarda-chuva sobre minha cabeça, a mochila nas costas, a bolsa a tira-colo e a pressa do ônibus me levaram pela cidade como se fosse uma segunda-feira qualquer. O feriado parece que não existiu. Com a cabeça aérea percebi que as pessoas continuavam indo e voltando do trabalho, o comércio inteiro estava aberto, os ambulantes na rua. Mas não consegui me ater a detalhes, apenas a essa atmosfera que me rodeava e eu a entendia subjetivamente como um dia comum, uma sensação de “sempre”. Hoje para mim é feriado.
Acabei de chegar em casa e estou tentando lembrar de tudo aquilo que deixo de fazer, por não ter tempo. Coisas para mim. Arrumar gavetas, estudar e escrever meu projeto, lavar roupa, escutar um álbum que baixei, fazer música. Mas nada disso me apraz e vem uma sensação estranha de não saber o que fazer com o meu dia. Sinto apenas o desamparo do frio pelas sandálias molhadas de chuva. Acho que faz algum tempo que não fico sozinha em casa, sempre trabalhando, ou dormindo, ou fora. Sentada no computador, com meu gato dormindo no meu colo, continuo apenas pensando sobre a vida...
Correndo rápida como a gota no vidro da janela.