segunda-feira, julho 10, 2006

arquelogia da vida

De fato, têm coisas que não parecem ser apreendidas, mas que a gente simplesmente já sabia. Coisas que de tanto ver e ouvir, viraram, osmoticamente uma conduta também nossa. Geralmente elas vêm dos nossos pais, avós e de todos aqueles que consideramos família, a ISR (Instituição Social Reguladora, que não vem com adjunto adnomial porque a pretensão é regular tudo mesmo).
Mas com isso sempre vêm coisas bacanas. Por exemplo, o Seu Barbosa. Ele é o borracheiro mais antigo do mundo. É aquele cara que eu já conheci velho e assim ele continua. Na época em que eu andava de carro com meu pai e ele soltava máximas do tipo: “atrás de uma bola sempre vem uma criança!”, fui aprendendo, sem perceber, algumas coisas sobre direção e carros. Quando o pneu esvaziou, nem pensei muito e já estava lá na frente da oficina do Seu Barbosa.
- Foi guia, né? Ligeiro, ele já começou a trocar o bico, com a calma que a agilidade não explica, 5 minutos e já estava pronto, contanto com a pausa pra levar café por cara da lotérica, vizinha da oficina.
– Pus dessa vez um bico menor!
E jogando o pneu dentro de uma bacia com água, ele conferiu se alguma bolha de ar escapava do líquido.
– Quer que eu troque? (foi aí que eu pasmei) e apontou exatamente pra posição do pneu que tinha murchado!! Eu, meio espantada, achei melhor não perguntar Como, seu Barbosa?? Como o senhor sabe que foi esse? e apenas balancei a cabeça afirmativamente.
Assobiando, enquanto manejava o macaco, Seu Barbosa descobria os segredos da minha vida....pelo pneu!!!
E a gente estuda por cinco anos e vira arqueólogo...