terça-feira, janeiro 22, 2008

Alheia




Cansada de pensar, me seduz a idéia de publicar mais uma música, um conto, um poema que, apesar de não ter sido elaborado por mim, reconheço-o no meu mundo. Essas coisas que lemos e gostaríamos de tê-las escrito ou que nos fazem pensar em o quanto sentimos coisas parecidas, nós e os outros. Faz um tempo que me rendo às palavras alheias e, quando as revejo, quase me convenço de que, na verdade, são minhas. Eu já as vivi suficientemente para me apropriar de sua autoria. De ver nelas, um pedaço da minha vida. E exibi-las aos outros dessa forma, como se assim o fossem. Ando escutando muito um álbum. Hoje, no caminho cansado do ônibus que devagar nos leva de volta as nossas vidas, pude escutá-lo inteiro. E nem me recordo de quem estava sentado ao meu lado, tamanha minha vontade de ser aquilo que eu ouvia. E tentava, como num filme, me imaginar na cena programada, no roteiro perfeito, na fala sem culpa, no beijo de perdão.

terça-feira, janeiro 08, 2008

Homenagem ao Rio de Janeiro

E assim foi o Ano Novo...


Tá tudo aceso em mim
Tá tudo assim tão claro
Tá tudo brilhando em mim
Tudo ligado
Como se eu fosse um morro iluminado
Por um âmbar elétrico
Que vazasse dos prédios
E banhasse a Lagoa até São Conrado
E ganhasse as Canoas
Aqui do outro lado
Tudo plugado
Tudo me ardendo
Tá tudo assim queimando em mim
Como salva de fogos
Desde que sim eu vim
Morar nos seus olhos

(Âmbar - Adriana Calcanhoto. Voz: Maria Bethânia)

sábado, janeiro 05, 2008

Escrevo-te toda inteira
e sinto um sabor em ser
e o sabor-a-ti é abstrato
como o instante...

(Clarice Linspector)