quarta-feira, fevereiro 21, 2007

As melhores do carnaval

- Óissskol, óissskol, óissskol, doiss reaiss!!

Foi assim que conhecemos o Óissskol. Um cara gente finíssima que estava vendendo breja no meio de um bloco de carnaval. Mora em Santa Tereza mesmo e namora uma menina bem ciumenta, a Mariulda. A gente passou o resto do carnaval tudo junto!

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- Me dá um grampo e uma bala Juquinha.

Frase do meganha que conhecemos no mesmo bloco, satisfeito por consertar a minha sandália (amarrando meus dedinhos).

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- Não basta casar, tem que separar.

Na mesa do bar, sobre os relacionamentos de Antônio (vulgo Junior), que teve três mulheres.

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- Água parada, dá dengue!

Fala insistente do mesmo Antônio, tentando nos convencer a comprar o latão: dois por cinco.

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- Olha aí urrrrmuleque!

Sobre os dois minienu que adotamos durante um dia inteiro, de quem a gente comprava a breja mais quente de toda a lapa...

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- Você é a menina mais bonita do carnaval..

De um deles para a Gigi, depois de tomar coragem por umas três horas.

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- Vai na tua terça que hoje pra mim é quarta.

Dia 20/02/2007, pronta para voltar pra casa, dormir e pegar quatrocentos quilômetros de volta pra cidade de pedra...
(claro que eu esqueci vaaaárias...)

terça-feira, fevereiro 13, 2007

Achei!

Achei Deusdéti!

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

meu pai num pedacinho de fita magnética

- Ju! Juju! Foi bonita a festa pá...fiquei contente...
- uaaaaá iaiá quelo! (numa vozinha fina, estridente)
- quem é esse aí, Ju?
- meu pai...

Procurando coisa pra fazer, fui dar uma olhada nas fitas K7 que a gente ainda guarda mesmo sem ouvir. Coisas boas! Muito chorinho. Descobri que existe mesmo uma música chamada André De Sapato Novo, é do Pixinguinha com o Benedito Lacerda. E eu que pensava que era só o apelido daquele Voyage vermelho que a gente tinha...
Fui ver essas fitas porque ontem, junto com uma amiga, lembramos de uma banda que se chama Língua de Trapo. Um furor quando eu era criança! Sabe a fitinha mais tocada? Aquela que a criança não enjoa...pelo contrário, só quer ela? Tinha uma música chamada Deosdete (com sotaque) e só ontem descobri que era de luta! Pra mim era só muuuuito engraçada:

Não puuuudeeeê, Não pude jantar com você no Maquessudê!

Mas a Cassinha lembrou:

Você só pensa em perfume importado e nesses produto chique,
Mas esqueceu que seu marido é do Partido Bolchevique..
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Depois de Pedacinhos do Céu, de uma fita do Geraldo Vandré, achei uma caixinha, comprada na loja, de uma fita do Chico Buarque, Meus Caros Amigos. Nela tem Mulheres de Atenas, que também foi assunto na noitada do dia anterior...putz, vou ouvir! Quando abri, não estava escrito na etiqueta O que será, Olhos nos Olhos, tinha só um: Julia.
Meu Deus!
Corri pra sala, liguei o som, botei a fitinha e apertei o play... Muito chiado e um medinho de não aparecer nada...

...de repente...

...Waltão!

Falando baixinho e fungando, como sempre. Conversando com uma pessoinha lá que também se chamava Julia, que tinha quase um ano e chamava ele de ‘meu pai’.
Pois é...há vinte e dois anos atrás...
A fitinha sobreviveu...

Da série: outro nome para este blog

Se eu fosse católica, isso aqui chamaria:

Perseverança

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

Onde está o marzão?

foto: Patchú

terça-feira, fevereiro 06, 2007

15 minutos na lotação

Esqueci meu bilhete único, bosta! Fui ajudar uma amiga a dar uma ajeitada no apê que ela vai comprar financiado. 650,00 por mês e a maravilhosa sensação de que seu dinheiro não está indo pro ralo, como ela mesma definiu. Passamos massa corrida, tampamos os buraquinhos de milhões de gerações e limpamos a gordura dos bifes de 1974. Depois tinha que ir ao médico. Saí um pouco atrasada e desci o largo meio correndo pra pegar um ônibus no corredor. À essa hora, multidões de pessoas esperavam ansiosas a chance de voltar pra casa. Pontos lotados. Sacolas, guarda-chuvas, bolsas, malas, aquele cheiro de desodorante...
Consegui rapidamente uma condução. Afinal, ali qualquer ônibus me serve.
Tive que descer em frente ao shopping e andar um quarteirão para pegar o outro ônibus que me levaria até o consultório. Tudo vazio. Estacionamento vazio, escadas vazias, lojas vazias.
Mas a rua em polvorosa. Como todo dia ‘útil’, às sete e trinta da noite.
Cheguei no ponto e ouvi a conversa de quem ia depois do Jd. Arpoador, pegar mais um ônibus. Lembrei o quanto esse ônibus laranjinha demora... Logo avistei um Pinheiros. Pronto! É nesse que eu vou! Subi e me sentei ao lado de uma mulher com sacolas, guarda-chuva, bolsa... Ela olhava pra fora e nem se mexia. Ninguém se mexia. Todos catatônicos, como se não estivessem ali. Talvez já estivessem em casa, no sofá, com seu filhos espalhados pela casa e um cheirinho de lar nas narinas.
Caras cansadas.
Cinco minutos na lotação e paramos em um farol que fica próximo à Universidade Católica. A molecada feliz, com a cara pintada, pedia dinheiro pra encher a cara de breja, aos gritos de alguns rapazotes de calça social: “Vai, bicho! Você perdeu aquele ali, ó!”.
De repente, um casal afoito começou uma constrangedora investida no coletivo: “Vai, tio! Uma moedinha! Um chiclete! Um real?”. Eu podia escutar o som das chibatas do menino que tranqüilamente ocupava o canteiro central e obrigava, aos berros, aqueles dois a pedir dinheiro para quem estava tentando voltar pra casa, depois de nove horas de trabalho, provavelmente por 5 reais/hora, com otimismo. Quase surtei: “Vocês não sabem que eles já pagam pela educação que não têm!”
Opa! Peraí! Eles? Então, EU tenho! Eu sou como vocês!
Senti culpa. Uma culpa “bromartesca”. Eu, medindo o “sangue dos outros”... Que egoista essa culpa de classe!
Em meio a esse sentimento que me assombrou, escuto:

“- Olha os paquitão pedindo dinheiro! Isso! Pede pro cobrador! Cobrador ganha bem mesmo! Vamo lá! Tudo filho de patrão...”

O carro inteiro se pôs a rir. Até a mulher ao meu lado. Me senti novamente parte daquilo que não sou. Daquele final de tarde de trabalho pra, no fim das contas, poder rolar um almoção beeem gostoooso no domingão!

Vai Brasil!! Porque todo mundo sabe do que sofre!